segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Outras primaveras virão...












Ah! Quem dera...
Ser sempre primavera!
E no esperar continuo:
Trazendo em seu sopro: o pólen
Tecendo a madrigal aurora,
Matéria- prima intacta,
Ainda não fecundada
Pelas mãos do destino!
Encontro prometido
Da esperança ainda não vivida,
Na sempre mudança dos dias...
Ainda virão outras primaveras:
Onde há de florir em nossos campos,
A incansável estação da perseverança!





Pictures by: Claude Monet     PRIMAVERA

domingo, 14 de setembro de 2014

A Rosa do amanhã...





Quando o acaso chegar
E banhar o teu véu acariciado pela aventura
De ser humana a condição lavrada
Nas têmperas das dores vividas...
Lembrarás, inevitavelmente,
Dos amores por um dia perseguidos
Numa juventude da flor da mocidade,
D’um outrora jamais esquecido.
E te contaminará de uma arrebatadora
Saudade de um tempo em que a maldade
Não abrigava nossos corpos impunes!
Íamos tão felizes sem o perceber...
Sendo que se esvaía o melhor do fruto
Com sabores finitos... De um gosto,
Que nunca e jamais apreciaríamos:
Este desejo infinito que foi as nossas vidas!






quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Embala-me no teu colo com ternura....












Minha alma anda presa
Neste verso que lhe escrevo.
Este sortilégio passageiro,
Traz o universo num pedaço
Na palma das mãos, faz sentir por inteiro.
Embala-me neste teu colo cosmogênico
No frescor do sentir do eterno:
Em vão não são as palavras ditas aos ventos
Aquelas impregnadas por sentimentos,
Da razão do pensar e emana
O elemento essencial de que somos feitos.

Luís A.Rossetto de Oliveira
In A Rosa do Fim do Mundo
foto de  kaycatt*  no Flickr

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

guerrilheiro























Vou andando pela vida,
Por estradas que me guiam:
Liberdade!

Vou procurando pela vida
E cada vez mais te amando:
Liberdade!

Deixo meu amor esperando,
Ela sabe que procuro.
E a cidade de velhas maneiras
Deixo-a na estação primeira –
Vou andando!

Sei que andar é preciso,
Mas, quando aperta a saudade,
Volto aos braços amantes.
E retomo a procura,
Com ela no coração:
Vou sonhando.





Marília, primavera de 1980,



imagem retirada da internet





domingo, 7 de setembro de 2014

Sensação....






Nas tardes de verão, irei pelos vergéis,

Picado pelo trigo, a pisar a erva miúda:

Sonhador, sentirei um frescor sob os pés

E o vento há de banhar-me a cabeça desnuda.



Calado seguirei, não pensarei em nada:

Mas infinito amor dentro do peito abrigo,

E como um boêmio irei, bem longe pela estrada,

Feliz - qual se levasse uma mulher comigo.




Arthur Rimbaud (Tradução: Ivo Barroso)
                                   






                                   by Arthur_Rimbaud




http://pt.wikipedia.org/wiki/Arthur_Rimbaud







quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ao salpicar o céu da boca com o inesperado gosto da fruta!


Hão de perpetuar nossas canções ao passar dos dias...
Penetrando nos rincões os suaves acordes de nostalgias,
No cair do orvalho, como crisântemos, feito lágrima límpida.
Não serão em vão os sonhos que por ora parecem mera ilusão
De quem espera demais a verdade incrustada num carvão-pedra...
Lapidando-se ao passar dos tempos, esquecido num pedaço de chão,
E, quem sabe, inevitavelmente, sonhando ser diamante algum dia.
Posto o destino, como fugaz desencontro, a lavrar os campos,
Com o nosso suor que jamais seca com o romper da alvorada,
Tornando nossa espera menos rude ao arar a terra bruta!
Onde só terá lugar para a contemplação das coisas boas,
Nestes promissores dias, a canção nova será deveras,
Algo assim, diferente de ser eternamente triste: 
Com mais purezas, ricas e infalíveis melodias,
Como a fluidez de torrentes águas cristalinas!
Pois tudo se torna sagrado e, com isso,
Quem dera, vem... Contagia-nos...
E simplesmente fica!